Guilherme Serrano
Segundo uma publicação da BBC, o TikTok está lucrando com lives de conteúdo sexual realizadas por menores de idade. A reportagem conversou com três mulheres no Quênia que disseram ter começado a prática quando eram adolescentes.
As regras da plataforma proíbem a prostituição, mas moderadores de conteúdo afirmaram à reportagem que a empresa tem ciência de que o aplicativo é utilizado com esse fim. Em resposta à BBC, contudo, a empresa declarou ter uma política de “tolerância zero para exploração sexual”.
A publicação afirma que as transmissões ao vivo do Quênia são populares no TikTok. Durante uma semana, a BBC afirma ter encontrado até uma dúzia de lives por noite com mulheres dançando “sugestivamente” e sendo observadas por centenas de pessoas de diferentes países.
No privado, esses espectadores podem fazer solicitações mais explícitas, como assistir à mulher se masturbando ou realizando atividades sexuais com outras mulheres.
Além disso, é possível enviar emojis de rosas, corações e outros símbolos, que funcionam como pagamento. Ou seja: o espectador paga para mandar os “presentes” e o criador pode converter isso em dinheiro.
Esses “presentes” também são usados para pagar conteúdos sexuais enviados posteriormente pelos criadores de conteúdo através de outras plataformas.
Contudo, segundo a reportagem, o próprio TikTok fica com 70% do valor dos presentes enviado durante as transmissões ao vivo.
A publicação afirma também que o TikTok está ciente há muito tempo da exploração de crianças e adolescentes em suas transmissões ao vivo, tendo conduzido uma investigação interna em 2022.
A ChildFund Kenya e outras instituições afirmaram à reportagem que crianças de ao menos 9 anos de idade estão sendo prostituídas na plataforma.
A BBC conversou com adolescentes e mulheres jovens que dizem que estão passando até seis ou sete horas por noite na atividade e ganhando em média 30 libras (R$ 225) por dia — o suficiente para comprar comida e pagar por transporte durante uma semana.
“Não é do interesse do TikTok reprimir a solicitação de sexo — quanto mais pessoas dão presentes em uma transmissão ao vivo, mais receita para o TikTok”, afirmou um moderador de conteúdo do TikTok à BBC.
Isso se dá, dentre outros motivos, pois o TikTok está investindo para se estabelecer em países do continente africano, mas mas não está empregando funcionários suficientes para monitorar o conteúdo de forma eficaz.
Guilherme Serrano