Guilherme Serrano
O consumo de conteúdo no mundo está passando por uma mudança de rota. Segundo o Digital 2025 July Global Statshot, produzido pela We Are Social e Meltwater, os usuários de internet já passam, em média, 13 horas e 48 minutos por semana em redes sociais e vídeos curtos, contra 10 horas e 15 minutos assistindo TV tradicional ou streaming. Isso significa que, globalmente, as plataformas digitais levam uma vantagem de 35% sobre a TV.
Entre mulheres de 16 a 24 anos, a diferença é ainda mais gritante: 19 horas e 46 minutos semanais conectadas às redes, quase 2,6 vezes mais do que o tempo dedicado à TV.
O estudo também confirma a ascensão dos vídeos curtos: são 6 horas e 42 minutos por semana dedicadas a esse formato, superando com folga as 4 horas e 57 minutos gastas em conteúdos longos na internet. Para muitos, a atração está na promessa de experiências rápidas, instantâneas e personalizadas.
O crescimento das redes sociais diante da TV também pode ser explicado, dentre outros motivos, pelo fato de que, nas plataformas digitais, o próprio usuário cria sua grade de programação, assistindo apenas o que lhe interessa. A televisão, por sua vez, ainda é um meio passivo.
Mas essa liberdade de escolha vem com um alerta: quanto mais nosso consumo se fragmenta em pílulas de conteúdo, maior o risco de perdermos profundidade, foco e paciência para absorver narrativas mais complexas. Segundo especialistas, as marcas e agências precisam se adaptar com formatos nativos e linguagem autêntica, mas, para nós, usuários, o desafio é aprender a equilibrar o imediatismo dos vídeos curtos com momentos de consumo mais reflexivo. Afinal, no jogo da atenção, nem sempre vence quem oferece mais conteúdo, e sim quem consegue fazê-lo de forma que nos permita realmente processar e aproveitar o que vemos.
Guilherme Serrano