Guilherme Serrano
Você foi viajar para um lugar paradisíaco e postou muitas fotos nas suas redes sociais. Saiu para uma balada cara e postou um vídeo nos seus stories. Saiu para tomar um vinho chique com a pessoa que ama e mostrou o rótulo para todos os seus seguidores. Até aí, tudo parece normal, certo? Afinal, esses momentos são mesmo para serem compartilhados. Bom, depende um pouco…
Acontece que quem promove esse tipo de “ostentação” nas redes sociais sequer imagina que a Receita Federal pode estar de olho em todas essas movimentações, em busca de indícios de sonegação de impostos.
A tecnologia, hoje, permite que os dados financeiros fornecidos na declaração do Imposto de Renda, por exemplo, sejam cruzados com as publicações nas redes sociais.
Assim, viagens internacionais ou gastos elevados que não batam com a declaração do IR podem levar a uma fiscalização mais detalhada por parte do leão.
O prazo para a declaração, neste ano, será de 15 de março até 31 de maio. E vale lembrar que, no ano passado, a omissão de rendimentos foi um dos principais erros que levaram os contribuintes à malha fina.
Apesar de muitos não saberem, o acompanhamento das redes sociais dos contribuintes por parte do Fisco não é algo novo. Isso já acontece pelo menos desde 2017.
Naquele ano, cerca de dois mil contribuintes foram pegos pois, nas redes sociais, exibiam comportamentos distintos em relação aos dados fornecidos na declaração de IR.
“O auditor fiscal, na experiência dele, identifica na rede social do contribuinte, dos filhos, ou de pessoas relacionadas. Às vezes um post do filho falando ‘eu viajei para a casa do meu pai na praia, ou numa ilha’, por exemplo, permite que você localize o patrimônio dessa pessoa e faça esse vínculo”, explica o auditor da Receita Federal, Cláudio Vilela.
A Receita Federal dispõe de diversos mecanismos de fiscalização. Além da movimentação financeira, a malha fina do órgão analisa uma ampla gama de dados por meio de mais de 160 filtros de checagem.
Algumas verificações são mais básicas, abrangendo CPF, endereço e dependentes, ou seja, informações pessoais. Outras, no entanto, envolvem dados financeiros mais complexos.
Além do monitoramento das redes sociais, para realizar esses cruzamentos, a Receita utiliza supercomputadores e inteligência artificial, permitindo a análise de um volume massivo de informações com precisão e eficiência.
Guilherme Serrano