Guilherme Serrano
Em um momento em que os smartphones se tornaram quase extensões do nosso corpo, com notificações a cada segundo, aplicativos que competem por atenção e um ciclo infinito de estímulos, uma startup de Nova York segue na contramão dessa lógica. A The Light Phone acaba de lançar o Light Phone III, terceira geração do celular minimalista que tem um objetivo claro: te reconectar com o mundo real.
Fundada por Joe Hollier e Kaiwei Tang, a empresa surgiu dentro de um programa experimental do Google e desde 2014 propõe um conceito radical: e se o celular não fosse feito para ser usado o tempo todo?
O Light Phone III, lançado oficialmente em março de 2025, mantém a mesma filosofia de seus antecessores: oferecer apenas o essencial. O primeiro modelo, lançado em 2017, era analógico e só fazia chamadas. O segundo, de 2019, ganhou algumas funcionalidades a mais, como mensagens, calendário e bloco de notas. Agora, o novo modelo combina hardware moderno com software minimalista.
O aparelho conta com uma tela AMOLED de 3,92 polegadas, processador Snapdragon 4 Gen 2, 6 GB de RAM, 128 GB de armazenamento, leitor biométrico, porta USB-C, 5G e até NFC. Há também câmeras respeitáveis para um dispositivo com essa proposta: traseira de 50 MP e frontal de 8 MP.
Apesar disso, ele não roda aplicativos como WhatsApp, Instagram, TikTok ou qualquer outro app que você costuma abrir automaticamente quando está entediado. E essa é justamente a ideia.
Entre os recursos disponíveis no Light Phone III estão:
- Chamadas e SMS
- Navegação simples na web
- Calendário, alarme, calculadora, bloco de notas e música
- Design minimalista e interface intuitiva
Ou seja: tudo o que você realmente precisa para manter a funcionalidade, sem abrir espaço para a dispersão.
“Os Light Phones são dispositivos simples com ferramentas de qualidade, projetados para serem usados o mínimo possível”, diz o site oficial da empresa.
Mais do que um gadget, o Light Phone III é um manifesto. Um convite à desaceleração. Uma resposta ao crescente número de pessoas que sofrem com dependência digital, ansiedade, fadiga de notificações e queda de produtividade. É para quem sente que está perdendo o controle do tempo de tela — e, por consequência, da própria vida.
Mas essa proposta tem um custo: quase US$ 800. É um valor alto, especialmente para um celular que entrega “menos”. Além disso, o modelo ainda não é compatível com operadoras brasileiras, o que limita bastante seu público por aqui.
Ainda que o preço e a falta de compatibilidade sejam obstáculos, o Light Phone mostra que há demanda por um tipo diferente de tecnologia: mais consciente, mais ética e menos invasiva. A pergunta que fica é: será que estamos prontos para abrir mão do vício das redes sociais em troca de presença e foco? O Light Phone III pode não ser para todos, mas com certeza é um símbolo de que repensar nossa relação com a tecnologia é mais do que necessário: é urgente.
Guilherme Serrano