Greve das redes sociais: entenda campanha pró desconexão

Greve das redes sociais

A última segunda-feira, dia 21 de abril, marcou a data de uma campanha que propõe a desconexão das redes sociais por 24 horas. A iniciativa, chamada Greve das Redes, surge como resposta ao impacto negativo dessas plataformas na saúde mental, especialmente de jovens, e à crescente conivência das big techs com conteúdos violentos, desinformação e crimes digitais.

A ação é liderada pela psicanalista Vera Iaconelli e pelo designer e ativista Pedro Inoue, diretor criativo da organização canadense Adbusters, conhecida por movimentos de crítica à cultura digital. Juntos, propõem um “blecaute digital” como forma de protesto contra a exploração algorítmica que alimenta vícios, desinformação e violências diversas.

“O conteúdo das redes é produzido por nós, os usuários. Mas ele é impulsionado por algoritmos viciantes, pensados para capturar nossa atenção e gerar lucro – às custas do nosso bem-estar. Somos explorados e dependentes dessas plataformas para nos informar, comunicar, trabalhar e existir socialmente. Mas temos um poder: parar”, escreveu Vera em seu Instagram.

A Greve das Redes não é um movimento isolado. Ela ecoa uma inquietação crescente na sociedade, especialmente após a repercussão da série Adolescência, lançada pela Netflix em março. Na trama, um garoto de 13 anos comete um crime influenciado por discursos de ódio contra mulheres, amplificados pelas redes sociais. A ficção se aproximou perigosamente da realidade dias depois, com a trágica morte de Sarah Raissa Pereira de Castro, de 8 anos, que inalou desodorante como parte de um desafio viralizado no TikTok.

Além disso, no último domingo de Páscoa, uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro desmantelou um grupo que planejava transmitir um assassinato ao vivo pela internet. O grupo, que atuava pelo Discord, também divulgava crimes de ódio, maus-tratos a animais e incentivos à automutilação.

Nessa linha uma pesquisa do Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, divulgada no fim de 2024, apontou que 45% dos jovens brasileiros entre 16 e 24 anos sentem que as redes sociais afetam negativamente sua saúde mental. O índice é alarmante e confirma a preocupação recente de pais, educadores e especialistas.

Assim, apesar da Greve das Redes ser um gesto simbólico, o movimento busca marcar um ponto de inflexão importante, chamando a atenção para o ciclo silencioso que sequestra nossa atenção com estímulos constantes, recompensas rápidas e algoritmos que sabem mais sobre nós do que nós mesmos.

“Mesmo que o gesto de desconectar pareça pequeno, ele representa um primeiro passo rumo a uma conversa mais séria sobre o que significa viver sob o domínio de plataformas que colonizam não apenas o nosso tempo, mas também os nossos afetos”, afirmou Inoue, um dos líderes da Greve das Redes.

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