Guilherme Serrano
A cada dia, o impacto bets no cenário financeiro dos brasileiros fica mais claro. Uma pesquisa realizada pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, intitulada “A Relação dos Inadimplentes com as Apostas”, revelou que 57% dos inadimplentes que já apostaram ou apostam atualmente não estavam nessa condição antes de começarem a jogar. Entre os entrevistados, 46% admitiram já ter feito ao menos uma aposta, sendo que 16% ainda mantêm esse hábito.
O levantamento foi realizado entre os dias 12 e 18 de outubro com 4.463 consumidores de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 1,4 ponto percentual, com um intervalo de confiança de 95%.
A principal motivação dos inadimplentes que apostam é a busca por soluções rápidas para problemas financeiros:
- 29% desejam obter dinheiro rapidamente para pagar contas.
- 27% buscam uma renda extra.
Além disso, 44% afirmaram ter apostado com o objetivo específico de quitar dívidas.
Contudo, as apostas nem sempre trazem os resultados esperados. Mais da metade dos entrevistados (52%) perdeu mais dinheiro do que ganhou, enquanto apenas 21% tiveram algum ganho real.
O estudo também detalhou as origens dos recursos utilizados para apostas:
- 69% usam o próprio salário.
- 19% reinvestem valores ganhos em apostas anteriores.
- 4% recorrem a empréstimos de amigos ou familiares.
- 4% utilizam suas reservas de emergência.
Segundo a pesquisa, esse comportamento demonstra um risco elevado de agravamento da situação financeira, com muitos entrando em um ciclo vicioso para tentar recuperar perdas.
O levantamento indicou também que 13% dos inadimplentes já deixaram de pagar contas para realizar apostas, ampliando o comprometimento do orçamento familiar.
Segundo Patrícia Camillo, também da Serasa, é essencial enxergar as apostas como entretenimento, e não como uma fonte de renda ou investimento. “Colocar um teto de gastos para apostas dentro do orçamento de lazer pode ajudar a evitar a inadimplência”, explica. No entanto, a pesquisa mostrou que 28% dos entrevistados não têm medo de se viciar em apostas e 7% as veem como a única perspectiva de mudança de vida.
Enquanto 54% dos inadimplentes nunca apostaram, muitos relataram temer as consequências financeiras e o risco de dependência. Esse cenário, portanto, evidencia a necessidade de maior conscientização sobre o impacto das bets e de iniciativas de educação financeira.
Guilherme Serrano