Guilherme Serrano
Você já deve ter ouvido falar das bets. Afinal, elas parecem estar em todo lugar: na televisão, no rádio, na internet e até nas camisas dos times de futebol. O termo vem do verbo em inglês to bet, que significa apostar, e diz respeito às casas de apostas esportivas online.
Para apostar online, basta se cadastrar em uma das muitas casas disponíveis atualmente, realizar um depósito e selecionar os eventos de seu interesse. É possível apostar em futebol, basquete, tênis, vôlei e outros esportes.
Mas não para por aí. Em uma partida de futebol, por exemplo, é possível apostar no número de gols, escanteios, cartões amarelos, finalizações e outros quesitos.
O ganho potencial de cada aposta está traduzido nas odds. Elas indicam exatamente o quanto o apostador vai receber caso acerte o palpite, sendo que o retorno é basicamente a multiplicação do valor apostado por essas cotas.
Por exemplo: a vitória de um determinado time está oferecendo odd. Se eu apostar R$ 10 nessa opção e acertar o palpite, eu recebo de volta R$ 20.
Essas plataformas se popularizaram no Brasil ao longo dos últimos anos, aproveitando-se de uma lacuna na legislação oficial sobre o tema. Na maioria das vezes, a sede desses sites está localizada em paraísos fiscais, como Ilhas Seychelles ou Malta.
Isso porque, em dezembro de 2018, o então presidente Michel Temer assinou a lei nº 13.756, que liberava as apostas com quota fixa, definição que se enquadra no caso das bets.
Com esse movimento, as apostas esportivas passaram a funcionar de forma legal e também foram liberadas para patrocinar eventos e clubes, por exemplo.
Acontece que, apesar da liberação, a lei não avançou no sentido de regulamentar essas bets. Já em outubro de 2024, o governo brasileiro, por meio do Ministério da Fazenda, suspendeu algumas bets que atuavam de forma irregular no país e liberou o funcionamento de outras. Mas isso só até 31 de dezembro de 2024.
Isso porque, a partir de primeiro de janeiro de 2025, passam a valer novas regras, que obrigam as operadores a terem licença no Brasil e a pagarem impostos por aqui.
Além disso, a nova regulamentação também impõe limites para a publicidade, cria medidas de proteção aos consumidores e estabelece políticas para prevenção e tratamento de jogadores compulsivos.
Nesse sentido, a Mobcon conversou recentemente com o psicólogo clínico Mateus Gottschal e Sá, que explicou que o vício em bets já é uma questão de saúde pública. Segundo ele, o fato das apostas estarem ao alcance das mãos, seja no smartphone ou no computador, pode influenciar comportamentos compulsivos.
Já LH, de 27 anos, contou que sofre desse tipo de vício e relatou que o convívio com outros apostadores, bem como a exposição à publicidade excessiva sobre as bets contribui para a manutenção do hábito. Para ler mais sobre o assunto, clique aqui.
Além das bets, existem também outras modalidades de apostas e jogos de azar online como o popular “jogo do tigrinho”. Fato é que, independentemente da plataforma, a exposição a esse tipo de comportamento deve ser monitorada e feita sempre de forma responsável, evitando que a praticidade do acesso pelo smartphone se traduza em compulsão.
Guilherme Serrano