Se você já reparou que os perfis dos jovens nas redes sociais estão cada vez mais vazios, não é impressão sua. Essa é uma prática chamada feed zero, que apesar de ir na contramão do que as plataformas querem, faz todo sentido para a Geração Z.
Essa geração, formada por quem nasceu entre 1997 e 2012, tem adotado um comportamento bem diferente dos millenials (1980–1996), que passaram a juventude postando check-ins, fotos de festas e frases de efeito no Facebook e no Instagram. Enquanto os millenials queriam documentar tudo, os gen Z preferem o silêncio digital no feed.
O termo feed zero se refere à prática de manter o perfil nas redes sociais, especialmente no Instagram, sem nenhuma postagem visível. Para quem entra no perfil, a impressão é de que não há nada ali, mas a conta continua ativa, com nome, foto e stories. É uma forma de se fazer presente sem se expor.
Em vez de posts fixos e cuidadosamente editados, os genZ preferem os stories, as mensagens diretas (DMs) e até perfis alternativos, como os famosos “dix”, “daily” ou apenas os close friends, onde o conteúdo é mais espontâneo e restrito a um grupo seleto.
Por que essa geração parou de postar?
A resposta envolve um conjunto de fatores emocionais, sociais e até culturais:
- Preocupação com a imagem: A estética nas redes ainda importa muito, e isso traz uma pressão. A busca por fotos perfeitas, legendas criativas e engajamento pode ser exaustiva e frustrante.
- Menos pegadas digitais: Os genZ estão mais atentos à própria privacidade e não querem deixar rastros do que foram, disseram ou vestiram em 2018. A ideia é reduzir o histórico digital ao mínimo.
- Vulnerabilidade à opinião alheia: Um estudo chamado Monitoring the Future revelou que 47% dos jovens tomam decisões pensando no que os outros vão pensar. Mesmo com dificuldades em reconhecer baixa autoestima (só 37% admitem), a autoimagem fragilizada pesa na hora de se expor.
- Cansaço da superexposição: Estar o tempo todo sob o olhar dos outros é desgastante. A ansiedade por curtidas e comentários, a comparação com outros perfis e a sensação constante de estar se promovendo virou um fardo para muitos.
- Preguiça mesmo: Editar fotos, escolher uma legenda e aguardar pelo “feedback” dos seguidores… tudo isso consome tempo e energia. E muitos simplesmente não querem mais esse tipo de esforço para se manter ativos no feed.
Além de tudo isso, tem um ponto importante: o uso das redes sociais está mudando de função.
Se antes elas eram espaços para compartilhar a própria vida e se conectar com amigos, hoje os jovens as usam mais como fonte de entretenimento. Em vez de postar, eles assistem. Acompanham influenciadores, vídeos engraçados, memes, notícias e tendências, mas sem interagir tanto quanto as gerações anteriores.
O “feed zero” não significa que a Geração Z saiu das redes sociais. Pelo contrário. Eles estão mais conectados do que nunca, mas de um jeito diferente. O que muda é a forma como se mostram (ou não) para o mundo.