Guilherme Serrano
A dopamina é um neurotransmissor que desempenha papel fundamental na regulação de funções cerebrais como atenção, motivação, memória e humor.
Esse neurotransmissor é conhecido por criar uma sensação de prazer a partir de atividades que promovem bem-estar, tais como comer, interagir socialmente e usar as redes sociais.
Acontece que, na era digital, o estímulo à dopamina tornou-se constante, uma vez que pequenos picos de prazer são liberados a cada nova notificação, curtida recebida ou vídeo assistido, por exemplo.
Essa dinâmica ativa o sistema de recompensa do cérebro humano de forma persistente, fazendo com que você continue rolando o seu feed em busca de novos estímulos.
Contudo, esse estímulo constante e artificial da dopamina provocado pela tecnologia pode levar a mudanças no funcionamento cerebral.
Isso porque, quando você se acostuma seu cérebro a ser bombardeado por esses picos de prazer, o nível basal de dopamina acaba sendo alterado. Esse termo diz respeito ao nível de atividade de uma função orgânica durante o repouso.
Ou seja: isso significa dizer que, quando não há novas interações digitais, é gerado um estado de insatisfação.
Portanto, a necessidade de estímulos frequentes pode acabar por reduzir o prazer em atividades cotidianas e tornar o uso de redes sociais e dispositivos uma espécie de dependência.
Em casos mais extremos, esse cenário pode se traduzir em isolamento social, falta de interesse por atividades naturais, ansiedade e até mesmo depressão.
Isso ocorre porque, com o tempo, a atividade dos neurônios ligados à dopamina se ajusta aos altos estímulos, exigindo estímulos cada vez mais intensos para manter a sensação de prazer.
É importante destacar que esse fenômeno impacta com maior força crianças e adolescentes, cujos cérebros ainda estão em formação e são mais vulneráveis às mudanças no sistema de recompensa. Por isso, é importante delimitar o uso dos aparelhos nessa faixa etária.
Evidentemente, ninguém vai deixar de usar as redes sociais. Assim como não vai deixar de fazer outras atividades que estimulam a dopamina, como comer ou sair com amigos, por exemplo. A questão aqui é saber dosar a sua exposição a essas plataformas, evitando um ciclo vicioso de ansiedade e uma possível dependência das redes.
Guilherme Serrano