Guilherme Serrano
O impacto do estresse crônico no trabalho tem levado a uma maior discussão sobre os efeitos na saúde mental e física dos profissionais. Nesse contexto, os termos burnout e burnon têm ganhado destaque, representando diferentes formas de resposta à pressão no ambiente ocupacional.
Ambas as condições estão associadas ao desequilíbrio entre trabalho e bem-estar, mas apresentam causas e manifestações distintas.
O que é burnout?
A síndrome de burnout, reconhecida como uma condição ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorre devido ao estresse crônico no trabalho. Esse termo, cuja tradução do inglês significa “combustão completa”, descreve um estado de esgotamento físico, emocional e mental resultante de demandas excessivas e prolongadas.
Os principais sintomas do burnout incluem:
- Exaustão emocional: sensação de desgaste extremo e falta de energia.
- Despersonalização: atitudes cínicas ou distantes em relação ao trabalho e às pessoas.
- Redução na realização pessoal: sentimentos de incompetência e falta de propósito.
- Alterações físicas, como dores de cabeça, apetite irregular e dificuldade de concentração.
O burnout pode levar a sérias consequências psicológicas, como ansiedade, depressão e, em casos graves, pensamentos suicidas. Profissões que envolvem intensa interação humana, como saúde, educação e assistência social, são especialmente vulneráveis, embora qualquer trabalhador exposto a condições de estresse crônico possa ser afetado.
O que é burnon?
Enquanto o burnout é marcado por exaustão e distanciamento do trabalho, o burnon, termo mais recente, descreve um estado de hiper-engajamento. A palavra pode ser traduzida como “queimar” e reflete uma dedicação excessiva ao trabalho, onde o indivíduo permanece constantemente “aceso”, mesmo fora do expediente.
Os sintomas do burnon mais frequentes incluem:
- Hiperatividade profissional: incapacidade de relaxar e constante preocupação com o trabalho.
- Perfeccionismo: padrões excessivamente altos, levando à frustração frequente.
- Falta de desconexão: pensamentos obsessivos sobre tarefas, mesmo fora do ambiente laboral.
- Perda de criatividade e dificuldade de dizer “não” a novas demandas.
Apesar de aparentar entusiasmo e produtividade, quem sofre de burnon frequentemente ignora sinais de fadiga e cansaço. O estresse constante pode resultar em ansiedade crônica, insônia e até problemas cardiovasculares.
Burnout x Burnon: as diferenças
A principal diferença entre as duas síndromes está no ponto de partida. O burnout surge como resultado de exaustão prolongada e alienação em relação ao trabalho, levando à perda de motivação e eficiência. Já o burnon é impulsionado por um excesso de dedicação e perfeccionismo, com o indivíduo buscando resultados excepcionais, mas negligenciando sua saúde e bem-estar.
No burnout, há um distanciamento emocional e mental das atividades profissionais. No burnon, ao contrário, há um envolvimento exagerado, onde a pessoa não consegue estabelecer limites e se sente constantemente insatisfeita com seu desempenho.
Impacto e tratamento
Ambas as síndromes são perigosas e demandam atenção. O burnout, por seu reconhecimento formal, muitas vezes resulta em afastamento médico e tratamento especializado. Já o burnon, menos estudado e não reconhecido oficialmente como doença, pode evoluir para o burnout se não for tratado.
O primeiro passo para tratar ambas as condições é reconhecer os sintomas. Terapias psicológicas, práticas de relaxamento (como meditação e ioga) e mudanças no estilo de vida são fundamentais.
Além disso, a criação de ambientes de trabalho que valorizem a saúde mental e promovam um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal é essencial para evitar o burnon ou burnout.
Guilherme Serrano