A presença online virou critério para entrada nos EUA. O Departamento de Estado americano anunciou que retomará a emissão de vistos para estudantes internacionais, mas agora com uma exigência polêmica: todos os solicitantes deverão desbloquear suas redes sociais para inspeção consular.
Segundo comunicado oficial, os consulados irão analisar postagens, interações e até mensagens privadas (quando possível) em busca de conteúdos que possam ser interpretados como “hostis” ao governo, à cultura ou aos princípios fundadores dos Estados Unidos. A recusa em tornar as contas “públicas” poderá ser usada como justificativa para negar o visto.
A medida amplia a política de triagem digital iniciada ainda no primeiro mandato de Donald Trump, que voltou à Casa Branca neste ano. A nova diretriz determina que os consulados investiguem com mais profundidade a atividade online dos candidatos, incluindo o uso de buscadores e outras ferramentas digitais além das redes tradicionais.
Documentos internos revelam que haverá atenção especial a manifestações políticas, principalmente críticas ao governo de Israel ou apoio à causa palestina, que podem ser classificadas como sinais de “radicalização”.
Além disso, contas bloqueadas ou com acesso restrito poderão ser interpretadas como tentativa deliberada de ocultação de conduta, algo que pesa negativamente na decisão consular. “As plataformas têm os meios para verificar a identidade dos usuários, e os governos também”, afirmou um porta-voz do Departamento de Estado.
Críticos alertam que essa exigência pode gerar um ambiente de autocensura e intimidação, inibindo manifestações legítimas nas redes e criando um critério subjetivo e desigual para a concessão de vistos.
Universidades norte-americanas também demonstraram preocupação com o impacto da medida sobre a diversidade internacional dos campi. Estudantes estrangeiros representam cerca de 15% das matrículas no ensino superior dos EUA, sendo fundamentais para a economia acadêmica e para a troca cultural no ambiente universitário.