Bets devem ter regulação rigorosa como a do cigarro, diz ministro

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Em declarações à Folha de S. Paulo, o ministro da saúde, Alexandre Padilha, afrimou que o vício em bets exige uma regulamentação tão rigorosa quanto a dos cigarros: restrição severa à propaganda, alertas obrigatórios sobre riscos de dependência e até mecanismos de acolhimento dentro das próprias plataformas.

A proposta é que os sites de apostas online passem a identificar comportamentos de risco entre os usuários e ofereçam, automaticamente, acesso a profissionais de saúde.

“A própria plataforma tem que ser obrigada a oferecer alarmes, orientação para essas pessoas, atendimento, formas de sair desse vício”, afirmou o ministro.

O crescimento das chamadas bets esportivas, jogos de cassino online e o popular “jogo do tigrinho” está diretamente ligado ao aumento da exposição e da dependência. Uma pesquisa do Datafolha de 2023 revelou que 15% dos brasileiros já apostaram, com maior concentração entre jovens e pessoas de baixa renda, incluindo até beneficiários do Bolsa Família.

Para o Ministério da Saúde, o desafio vai além dos atendimentos: o Brasil ainda carece de indicadores precisos, formação especializada para profissionais da saúde e políticas integradas entre diferentes pastas. Um relatório recente do Tribunal de Contas da União (TCU) critica a “falta de articulação efetiva” e aponta que os casos registrados provavelmente não refletem a real dimensão do problema.

“Hoje não existe esse cálculo. Vai começar na medida em que a situação cresce. A gente vê isso a partir de algumas experiências internacionais.”

O Ministério da Saúde anunciou a criação de um grupo de trabalho interministerial com participação das pastas da Fazenda e da Comunicação Social. O objetivo: criar um plano nacional de ação para saúde mental e prevenção do jogo problemático.

Também está nos planos a oferta de cursos para preparar profissionais do SUS no acolhimento a pessoas com dependência em jogos de aposta. Mas, como enfatizou Padilha, não basta reagir: as plataformas precisam ser parte da solução, com ferramentas proativas de proteção ao usuário.

“A gente pode dar um passo além do cigarro. Na própria plataforma, ter mecanismos de acolhimento, de atendimento com profissional, disparar isso [quando o apostador está há muito tempo na plataforma]”, afirmou Padilha sobre as bets.

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