Adolescentes carecem de apoio emocional para lidar com redes sociais

Adolescentes e redes sociais

Uma pesquisa realizada em abril de 2025 mostrou que nove em cada dez brasileiros adultos acreditam que os adolescentes não recebem o apoio emocional e social necessário para lidar com os desafios do ambiente digital, em especial das redes sociais.

O levantamento, conduzido pela Porto Digital em parceria com a Offerwise, ouviu mil brasileiros maiores de 18 anos, conectados à internet em todas as regiões e classes sociais. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

Além da percepção majoritária sobre o desamparo emocional dos jovens, 70% dos entrevistados defendem a presença de psicólogos nas escolas como forma de enfrentar essa lacuna de acolhimento e orientação

Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, acredita que a série Adolescência, da Netflix, colocou em evidência a necessidade de um debate mais amplo sobre essa questão.

“O cuidado com a juventude deve ser um compromisso compartilhado, que envolve escolas, famílias, empresas e governos. Não basta discutir inovação tecnológica — é preciso humanizá-la e colocá-la a serviço da sociedade”, diz.

A pesquisa também revelou o que a população percebe como os maiores desafios enfrentados pelos adolescentes na atualidade:

  • Bullying e violência escolar: 57%
  • Depressão e ansiedade: 48%
  • Pressão estética e de imagem: 32%

Estes dados indicam como os riscos emocionais do universo digital extrapolam a tela e se refletem diretamente na saúde mental dos jovens. A exposição constante à comparação social, à cultura da performance e à hiperconectividade tem impactos profundos e, muitas vezes, silenciosos.

O estudo aponta também que, à medida que os filhos crescem, o controle parental tende a diminuir. Entre crianças de até 12 anos, o uso da internet costuma ser mais rigidamente monitorado por pais e responsáveis, com ferramentas de controle e limitação de tempo. Porém, entre os adolescentes de 13 a 17 anos, esse acompanhamento se torna mais flexível e, em muitos casos, quase inexistente.

Nessa linha, apenas 20% dos pais afirmaram que pretendem utilizar futuramente algum mecanismo de controle sobre o uso da internet por seus filhos.

Para Julio Calil, diretor-geral da Offerwise, o cenário reforça a importância de criar espaços de acolhimento e escuta tanto para os jovens quanto para os pais. “Os resultados da pesquisa nos mostram que a população enxerga a necessidade de um esforço conjunto para criar ambientes mais seguros e de apoio nas escolas, especialmente diante do uso precoce e intenso das redes sociais”, afirma.

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