Guilherme Serrano
Um estudo feito no Reino Unido publicado na revista científica Nature Human Behaviour aponta uma nova ligação entre o uso de redes sociais e a saúde mental de adolescentes. De acordo com a pesquisa, jovens entre 11 e 19 anos diagnosticados com transtornos como depressão e ansiedade passam, em média, 50 minutos a mais por dia nas redes do que seus colegas sem esses diagnósticos.
O levantamento analisou dados de 3.340 adolescentes, dos quais 16% apresentavam pelo menos uma condição de saúde mental. Além do maior tempo de uso, os jovens com transtornos mentais também relataram menor satisfação com o número de amigos nas redes sociais, além de uma maior sensibilidade ao feedback recebido online, como curtidas, comentários e compartilhamentos.
Outro dado relevante é que esses adolescentes tendem a se comparar mais com os outros nas redes, o que pode contribuir para uma intensificação de sintomas como baixa autoestima, isolamento e insegurança.
Apesar dos, os autores do estudo alertam para o fato de que ainda não é possível afirmar que o uso excessivo de redes sociais causa problemas de saúde mental. A relação pode ser bidirecional: ou seja, jovens com sofrimento psíquico podem buscar nas redes uma forma de escape ou conexão. Por isso, os pesquisadores recomendam que estudos futuros sejam conduzidos com amostras internacionais e abordagens que permitam identificar relações de causa e efeito.
Independentemente disso, o estudo se debruça sobre o papel das redes sociais no bem-estar emocional de adolescentes. Em um ambiente digital marcado por padrões irreais de vida, busca incessante por validação e exposição constante, entender os impactos do tempo de tela é essencial para pais, educadores, profissionais de saúde e formuladores de políticas públicas.
A conclusão, ainda que parcial, é clara: quando se trata de saúde mental e redes sociais, atenção e cuidado nunca são demais.
Guilherme Serrano