Guilherme Serrano
A imagem amplamente difundida de que os jovens da geração Z dominam com maestria tudo o que envolve tecnologia está sendo posta em xeque. Um estudo da Universidade de Toledo, nos Estados Unidos, traz à tona uma realidade mais complexa: embora essa geração tenha crescido conectada, ela nem sempre está preparada para lidar com as ferramentas tecnológicas mais exigidas no mercado de trabalho.
Segundo a pesquisa, publicada no Journal of Applied Business and Economics, jovens que passam horas no celular e navegam com naturalidade pelas redes sociais frequentemente enfrentam dificuldades para utilizar programas considerados básicos no ambiente corporativo, como Microsoft Outlook, Excel e Word.
“A familiaridade com dispositivos móveis e redes sociais não se traduz automaticamente em habilidades técnicas profissionais”, alerta o Dr. Gary Insch, um dos autores do estudo. O levantamento identificou que muitos estudantes têm dificuldades com tarefas simples, como anexar arquivos a e-mails, salvar documentos em pastas específicas ou ajustar o espaçamento de um texto no Word.
Essas são operações comuns em qualquer rotina de escritório, mas que, para muitos jovens da gen Z, representam um desafio. Parte do problema, segundo Insch, está no ecossistema de aprendizagem em que cresceram: acostumados com a rede de aplicativos do Google, esses jovens pouco interagem com a rede da Microsoft, que ainda é padrão no mercado de trabalho.
Embora o foco da pesquisa tenha sido a geração Z, o estudo também aponta que parte dos millennials, nascidos entre o início dos anos 1980 e meados dos anos 1990, apresenta dificuldades semelhantes. No entanto, entre os millennials, a situação é menos grave, possivelmente por terem vivido uma era em que aulas de informática eram mais comuns e o contato com o Office, mais direto.
O estudo traz à tona uma reflexão importante: ser um “nativo digital”, como a geração Z, não é sinônimo de saber usar tecnologia com profundidade. Há uma diferença clara entre o uso recreativo e o domínio técnico. Ter crescido cercado por telas não garante que um jovem saiba operar um sistema de planilhas, formatar um relatório profissional ou organizar arquivos digitais de maneira eficiente.
Guilherme Serrano