Desafios em redes sociais viram risco de vida para crianças

Crianças e redes sociais

A morte de uma menina de 8 anos no Distrito Federal, após inalar desodorante aerossol ao participar de um “desafio” visto nas redes sociais, reacendeu o alerta para os riscos que o ambiente digital oferece para crianças e adolescentes sem supervisão.

Em entrevista ao programa Em Ponto, da GloboNews, Lilian Melo, Secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça, afirmou que 56 crianças morreram no último ano no Brasil em razão de desafios online. O número supera até mesmo a quantidade de mortes infantis por balas perdidas no Rio de Janeiro entre 2020 e 2024, segundo dados da ONG Rio de Paz.

O caso da menina no DF não é isolado. Em muitos desses desafios, crianças são incentivadas a realizar tarefas perigosas enquanto filmam o processo para postar online. No chamado “desafio do desodorante”, o aerossol, que é composto por partículas que podem comprometer a oxigenação ao serem inaladas, foi o agente causador da tragédia.

Esses conteúdos, muitas vezes camuflados sob a aparência de “entretenimento”, ganham milhares de visualizações e se espalham rapidamente em plataformas como TikTok, YouTube e Instagram, todas com classificação etária indicativa de 14 anos. No entanto, é fato que essa barreira de idade é facilmente burlada.

Diante da escalada de casos e da vulnerabilidade das crianças nas redes, o Ministério da Justiça estuda a criação de um aplicativo com restrições específicas, que poderia ser instalado em celulares e tablets. A ideia é oferecer um controle parental mais eficaz e superar o atual modelo de verificação etária, considerado falho.

A tragédia expõe um problema estrutural: a falta de responsabilidade compartilhada entre famílias, plataformas digitais e políticas públicas. O combate aos desafios perigosos exige um esforço coletivo, que vai desde a criação de canais de denúncia e educação digital nas escolas até o aprimoramento da regulação das redes sociais.

O que está em jogo é o direito das crianças a crescerem em ambientes seguros, inclusive no digital. Normalizar conteúdos de risco nas redes sociais, romantizar a viralização e ignorar os efeitos colaterais dessa exposição são posturas que cobram um preço alto demais: vidas.

Rolar para cima