Guilherme Serrano
Existem muitos estudos sobre os reflexos do uso excessivo das redes sociais na saúde mental dos usuários, por exemplo. Mas, desta vez, a empresa alemã da indústria química Merck e a consultoria Ilumeo se debruçaram sobre os impactos que as mídias digitais causam nos hábitos alimentares da população.
Tendo como base postagens no Instagram, X (antigo Twitter) e no TikTok, a pesquisa mostra que tendências digitais estão moldando a forma como nos relacionamos com a comida, e isso nem sempre acontece de forma benéfica à saúde.
O levantamento mostra que esses posts ou até mesmo algumas trends induzem pessoas a alterarem seus hábitos alimentares. Um exemplo disso é a trend “magras, magras, magras” que, no TikTok, mostra mulheres buscando o emagrecimento a qualquer custo, o que inclui comportamentos prejudiciais à saúde.
A pesquisa também cita diversos conteúdos que recomendam alimentos ou remédios que suspostamente favorecem o emagrecimento, sem que haja nenhuma comprovação científica ou aval médico. Segundo o estudo, isso ocorre pois, muitas vezes, as pessoas recorrem às redes sociais em vez de procurar orientação médica, colocando em risco seu próprio bem-estar.
Por outro lado, existe também o mukbang, fenômeno que se tornou popular sobretudo na Coreia do Sul e que incentiva o consumo excessivo de alimentos. Os vídeos de mukbang, sejam eles ao vivo ou gravados, basicamente consistem em uma pessoa comendo de forma extremamente exagerada – algo parecido com as competições de hot dog populares nos Estados Unidos, por exemplo. Na maioria das vezes, aliás, o alimento em questão no mukbang é ultraprocessado.
Segundo o Dr. Otavio Freire, sócio fundador da Ilumeo e professor da USP (Universidade de São Paulo), esses tipos de conteúdos servem como gatilhos imediatos difíceis de serem controlados. Ele afirma que isso gera um comportamento fantasma que pode resultar em compulsão.
Assim, a pesquisa destaca a importância de marcar conteúdos desse gênero como “não tenho interesse” nas redes sociais e, sobretudo, priorizar a assistência médica quando o assunto é alimentação e hábitos saudáveis.
Guilherme Serrano