Guilherme Serrano
Um levantamento conduzido pela Universidade de Oxford e pela Universidade Técnica de Munique e coordenado pelo instituto de pesquisa de opinião pública Bilendi & Respondi mostra que a população é a favor da moderação das redes sociais.
Isso significa que a maior parte dos entrevistados afirmaram desejar que conteúdos considerados prejudiciais, que envolvam, por exemplo, ameaças físicas e difamação, sejam restringidos nas redes.
O estudo contou com cerca de 13.500 participantes de idades entre 16 e 69 anos e residentes de dez países diferentes, sendo seis da Europa, além de Brasil, Estados Unidos, África do Sul e Austrália. As entrevistas foram conduzidas entre outubro e novembro de 2024.
A pesquisa foi feita a partir de um questionário abrangente, a fim de avaliar opiniões de usuários de redes sociais sobre liberdade de expressão e a proteção contra abusos digitais e desinformação.
Confira a seguir as principais conclusões da pesquisa sobre moderação de conteúdo nas redes sociais:
- 79% acreditam que as incitações à violência devem ser removidas das redes. O maior índice de aprovação foi observado na Alemanha, Brasil e Eslováquia (85%). O menor índice ficou com os EUA (63%)
- 17% consideram que usuários devem ter permissão para postar conteúdos ofensivos a fim de criticar determinados grupos. O maior apoio a esse ponto se deu nos EUA (29%), e o menor, no Brasil (9%).
- Em todos os países pesquisados, a maior parte dos entrevistados afirmou preferir plataformas que ofereçam segurança contra violência digital e informações enganosas, em vez de liberdade de expressão ilimitada.
- 59% dos participantes acreditam que a exposição à grosseria, intolerância e ódio é inevitável nas redes sociais.
- Em relação à responsabilidade pela criação de um ambiente seguro nas redes sociais, 35% citam as plataformas, 31% os cidadãos individuais e 30% os governos como principais responsáveis.
“Empreendedores influentes como Mark Zuckerberg e Elon Musk argumentaram que a liberdade de expressão deve ter precedência sobre a moderação de conteúdo nas mídias sociais. O estudo mostra que a maioria das pessoas nas democracias quer plataformas que reduzam o discurso de ódio e o abuso”, declarou Yannis Theocharis, líder do estudo e professor de governança digital na Universidade Técnica de Munique.
Contudo, a pesquisa também aponta que não há um consenso universal sobre os limites entre liberdade de expressão e moderação das redes sociais, uma vez que as opiniões variam de acordo com normais culturais, experiências políticas e tradições jurídicas de cada país, dificultando assim a criação de uma regulamentação digital.
Guilherme Serrano